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A Experiência de Participar do Congresso Internacional de Felicidade 

  A Felicidade em Debate

 

Por Andressa Missio | 19 de dezembro de 2023

O que levaria mais de duas mil pessoas a passar dois dias inteiros reunidas num evento em que o assunto era felicidade? Eu fui tentar descobrir, num fim de semana em Curitiba.

Já aviso que não há quem entre pelas portas de um congresso de felicidade e saia do mesmo jeito. Alguma coisa mexe com você ali dentro. Seriam as palestras? É, faria todo o sentido se fossem (apenas) as palestras. Afinal, são seres especiais que estão ali para compartilhar suas experiências, seus insights e seu conhecimento.

Mas, pra mim, o ponto alto foi algo menos palpável e mais sutil. Foi o ar de leveza, os abraços apertados e cheios de amor – em pessoas que você nunca nem viu.  Os sorrisos trocados e os olhares de curiosidade.

De Coração Aberto  

Talvez seja neura minha, mas gosto de observar as pessoas. Imaginar o que as levou àquele lugar, naquele momento em que eu esbarro com elas. Faço isso no aeroporto, nas ruas, na praia e fiz assim no Congresso. Vi perfis completamente diferentes, reunidos num só lugar. Desde os mais místicos, espiritualizados, zen, até os mais céticos ou que estão começando a espiar esse universo chamado ciência da felicidade.

Não creio que os objetivos tenham sido os mesmos. Há quem vá buscar um pouco de felicidade – ou talvez alguma fórmula. Há quem vá porque já é feliz e queira transbordar. Há quem vá porque é fã de um ou mais palestrantes. Há quem vá por querer aprimorar o atendimento a seus pacientes ou clientes. Ou há quem vá por curiosidade mesmo. Mas pensando bem, vi sim, algo em comum naquele público tão diversificado – e ao mesmo tempo, inclusivo. Todos ali levaram o coração aberto e disponíveis para receber e internalizar as informações, com o modo escuta ativa ligado. E quem foi pensando que iria sorrir o tempo todo, se enganou. Eu mesma, chorei horrores – de emoção, por alguma reflexão, ao assumir alguma vulnerabilidade, diante de uma frase de impacto, ou de uma lembrança doída.

Dores

Mesmo que o congresso seja sobre felicidade, é necessário falar sobre dores, cicatrizes, ansiedades. E aí, nem tudo é gostoso de ouvir. Tem aquelas dores profundas, que a gente faria questão de esquecer ou esconder da gente mesmo. Tem os traumas, as falhas, os nossos próprios espinhos – que nos afastam de quem amamos e até de quem querermos ser.

Não se trata de cutucar a ferida, pura e simplesmente. É buscar se entender, se aprofundar em si mesmo e, principalmente, se aceitar. Como disse o psicólogo e palestrante Rossandro Klinjey: “só quando você se aceita, você muda” e é capaz de transformar dor em luz. “Para começar a ser feliz, você tem que cansar de sofrer”, ele completa de forma avassaladora.

Nenhuma mudança é fácil. Normalmente, ela vem acompanhada de uma crise, como bem avisou Rossandro. É quando o modelo antigo não funciona mais, e o novo ainda não está pronto. Um momento de hiato, de vazio. Talvez você não caiba mais no seu velho grupo. Talvez por isso você se afaste daquele mundo onde não se encaixe mais. Ou talvez até desista de subir o nível de consciência por medo de se afastar. Ou ainda, talvez se identifique com a letra inspiradora de Guilherme Arantes.  

Meu Mundo e Nada Mais – Guilherme Arantes

https://www.youtube.com/watch?v=godztpu6xlA 

Faça o que Você Gosta de Fazer 

Monja Coen (foto), na palestra  Aprecie sua vida, também encorajou a automudança, ainda que ela seja tão desafiadora. “Cada um que se transforma, transforma o mundo”, alertou. “E para emanar energia benéfica, é preciso despertar, acordar, se perceber”. Para quem está no meio da crise, ou não sabe qual caminho seguir, ela aconselha: “o que aumenta sua potência é fazer o que você gosta de fazer.” 

Engraçado, cá eu estou fazendo o que gosto de fazer: escrevendo. E realmente há algo diferente quando a gente faz o que gosta. Mas esse artigo não é (só) sobre mim. Voltando a falar sobre mudanças, como disse o fantástico Jorge Trevisol, que esteve nos palcos de todas as seis edições do Congresso, “o que faz mudar o mundo é a forma como eu enxergo o mundo. Quando mudo o olhar, o mundo muda”. 

 Trevisol me fez lembrar de uma frase da sabedoria popular, que faz todo o sentido: “Uma pessoa feliz não tem o melhor de tudo. Ela torna tudo melhor”. Acredito que as pessoas que estavam ali tinham esse propósito, ainda que inconscientemente: melhorar seu mundo – interno e externo. E com numa onda de esperança, o espaço foi preenchido por anjos?

Anjos

“Pessoas ao seu lado são anjos de Deus para este momento. E um anjo vem por dois motivos: te proteger ou te deixar uma mensagem”. Às vezes, a mensagem é dolorida, complementa Trevisol. O mensageiro – ou anjo – mostra algo que você não viu. Não porque não quis, mas porque ainda não havia sido tocado. Cabe a você ouvir, observar, entender, ou simplesmente fechar os olhos.

E aí entra uma estranha responsabilidade de quem se sente pleno(a). Porque, segundo a Monja Coen, a palavra feliz remete à fertilidade, a ser frutífero (que dá frutos). Ou seja, é sobre aquilo que você semeia no mundo e o torna melhor.

 

Ela me fez questionar profundamente: será que minha felicidade tem gerado frutos? O que tenho feito para tornar meu entorno melhor? Se fizer sentido pra você, sugiro que faça essa pergunta a você mesmo(a) também. É uma experiência interessante. E pode ser um ponto de partida para algo maior. O meu foi escrever esse artigo, para multiplicar o que vivi e senti.

 

 

 

 

 

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Andressa Missio

Andressa é jornalista com 20 anos de carreira na televisão. Passou por todos os principais telejornais da Globo, Band e Record. E agora, durante uma pós-graduação em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness na PUC/PR, descobriu um novo universo chamado Ciência da Felicidade. Conhecimento que ele decidiu compartilhar com você, leitor. Não é autoajuda, é ciência.

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