Brasileiros em Portugal: Uma História de Amor, Paixão e Preconceito
CAMINHOS E (DES) CAMINHOS PELO ATLÂNTICO
Região do Douro é localizada no nordeste de Portugal e contornada por montanhas e belas beiras. Foto: Turismo de Portugal
Por Caio Quinderé | 17 de janeiro de 2023
Uma história de amor e paixão, choros e alegrias, sonhos e desilusões, aventuras, conquistas e decepções. Desde que os portugueses tomaram conhecimento das terras além-mar que o fluxo de vindas e idas, idas e vindas tem atravessado o Atlântico. Houve períodos em que essa travessia foi mais a Portugal-Brasil e outros Brasil-Portugal. O sonho de morar no estrangeiro sempre bateu forte no coração e na mente dos brasileiros. Nos tempos do Brasil-colônia e até bem mais tarde, estudar nas universidades portuguesas, em especial ser um “doutor formado” por Coimbra, enchia os olhos de orgulho dos que podiam ter essa chance.
Anos após anos vão passando até os dias de agora em que essa “cultura” vai se configurando e espraiando de forma diferente, com vários perfis de brasileiros em consonância com as tendências migratórias. Mas essa vontade de emigrar, deixar o Brasil para construir uma vida no território estrangeiro, principalmente em Portugal, vem fazendo parte dos caminhos dos brasileiros.
Em levantamentos recentes, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – SEF, as cidades portuguesas que mais recebem migrantes vindos do Brasil são: Lisboa, Porto e Braga. Todavia essa realidade tem mudado também. As estatísticas oficiais atualizadas têm registrado que muitos dos brasileiros têm escolhido viver fora dos centros turísticos mais comuns. Isso se deve ao perfil socioeconômico e cultural que, com o passar dos anos, passou a sofrer alterações constantes.
PERFIL DO IMIGRANTE BRASILEIRO
Hoje já são mais de 200 mil brasileiros vivendo em Portugal. Foto: Jornal Mundo Lusíada
Hoje, conforme os dados apurados e fornecidos pelos SEF, entre os imigrantes brasileiros, encontram-se pessoas acima de 30 anos, empresários, profissionais liberais e famílias com filhos. O que se pode afirmar é que, em 2020, o número de brasileiros vivendo em Portugal bateu um recorde histórico. São quase 200 mil pessoas regularizadas no país, fora aqueles que estão à espera de uma entrevista, sem falar dos que têm dupla cidadania. Isso mostra uma realidade bem expressiva de residentes brasileiros, que segundo os órgãos oficiais, é de 30% de estrangeiros.
A Discover Magazine conversou com alguns brasileiros que optaram em fazer essa travessia, para entender melhor os motivos de morar, estudar e trabalhar em Portugal. Buscamos também compreender, pelas entidades que acolhem a comunidade brasileira, como se dá o processo de adaptação.
(Foto) Cristina Carneiro de Menezes deixou Sobral (CE) para morar em Portugal.
Para Cristina Carneiro de Menezes, 39 anos, cearense de Sobral, muitos foram os motivos que a levaram a Portugal, mas o que mais a motivou foi “a possibilidade de viver numa cidade com segurança pública e de conhecer pessoas de todas as partes do mundo (e até mesmo do Ceará)”, explica ela em risos. “Gosto da experiência do deslocamento”, conclui pontuando a fala.
(Foto) Estudos de especialização motivaram Joana Angélica da Costa deixar o Brasil para tentar uma vida melhor em Lisboa.
Enquanto Joana Angélica da Costa, 53 anos, cantora, arte-educadora, psicoterapeuta, que mora em Lisboa por mais de oito anos, o que a motivou mudar para Portugal foi fazer uma especialização na área de formação. Ela fez mestrado e, em seguida, cursou doutorado na Universidade Nova de Lisboa. Costa defendeu a tese, no fim de 2020, sobre as “Narrativas de Ofício dos Artistas Idosos”. Ela chegou a Portugal decidida a ficar no país onde muitos amigos já estavam morando e afirmou ainda que o idioma influenciou na escolha.
DOCUMENTAÇÃO ACADÊMICA E PROCESSO SELETIVO
Segundo Cynthia de Paula, presidente da Casa do Brasil, existe uma preocupação ainda maior para os brasileiros que vivem e trabalham em Portugal que é o reconhecimento dos títulos acadêmicos. Esse é um processo demorado e bem caro para muitos. Nem todos conseguem reconhecer os seus diplomas e trabalhar na profissão que são especialistas. Geralmente eles acabam aceitando trabalhar numa função inferior a sua formação de origem por uma questão de sobrevivência. O mercado português exige uma qualificação bem superior e privilegia os que dominam mais de um idioma. Isso faz com que muitos passem por um período de depressão, preconceito, falta de auto-estima e problema de adaptação.
(Foto) Cynthia de Paula, presidente da Casa do Brasil
“A Casa do Brasil tem um gabinete de informação profissional que tenta fazer a intermediação entre empresa e migrantes, mas a oferta, o processo seletivo e a escolha pelos profissionais dependem exclusivamente da própria empresa. “, detalha Cynthia. Para o Centro Nacional de Apoio à Integração de Migrantes – CNAIM, as estruturas governamentais do Alto Comissariado para as Migrações em Portugal é uma realidade crescente e preocupante que recai em exigências de documentos, certificados, normas e protocolos com unidades de ensino superior que, geralmente, levam muito tempo para análise e requerem apreciação rigorosa. Por muitas vezes esses processos finalizam com resultados negativos, para o desânimo do proponente. Nada garante que a formação cursada no Brasil seja aceita em Portugal. As universidades têm o livre arbítrio de seleção e critérios de escolha interna. Os preços também são praticados de forma exclusiva e dependem de cada instituição.
ACOLHIMENTO E INTEGRAÇÃO
Segundo o CNAIM, todos os gabinetes e serviços presentes trabalham em estreita colaboração e são constituídos por equipes especializadas de profissionais que dominam diferentes assuntos, podendo ocorrer, sempre que se justifique, um encaminhamento entre gabinetes/instituições acadêmicas. “Neste momento, a Rede CLAIM é constituída por mais de 150 Centros, instalados em território português, que resultam de parcerias estabelecidas entre o ACM – Alto Comissariado para Migrações e Autarquias, instituições de ensino superior ou entidades da sociedade civil que, em cooperação com as diversas estruturas locais, promovem igualmente um atendimento integrado, enquanto gabinetes/espaços de acolhimento, informação e apoio que têm como missão apoiar todo o processo de acolhimento e integração de pessoas migrantes, promovendo a interculturalidade a nível local”, afirma o responsável pelo Gabinete de Eventos, Comunicação e Informação do CNAIM.
Outra contribuição do Alto-Comissariado para a Migração foi a criação do “Observatório das Migrações”, que acompanha e analisa anualmente o processo de translação de estrangeiros brasileiros. Como mostram os dados dos Relatórios Anuais do Observatório das Migrações, nomeadamente o relatório “Indicadores de Integração de Imigrantes 2021”, atualmente os cidadãos brasileiros são a nacionalidade estrangeira com maior representação em Portugal, registrando-se em 2020 cerca de 184 mil brasileiros residentes no país (correspondendo a cerca de 28% do total de estrangeiros em Portugal). Nos últimos anos tem-se registrado um aumento significativo do número de cidadãos brasileiros residentes em Portugal, observando-se entre 2017 e 2020 um aumento de 115% (em 2017 residiam em Portugal 85.426 brasileiros).
BRASILEIROS E O MERCADO DE TRABALHO
Portugal continua sendo o destino de muitos brasileiros em busca de oportunidades de trabalho, aperfeiçoamento curricular e qualidade de vida. Foto: Jornal Lusíada
Em 2020, os brasileiros representaram cerca de 35% dos novos títulos emitidos já em território nacional (correspondendo a cerca de 42 mil novos títulos), o que mostra a importância atual da migração de cidadãos de nacionalidade brasileira em Portugal.
Os dados apresentados no relatório “Indicadores de Integração de Imigrantes 2021” são relativos ao ano de 2020, conhecendo-se já atualmente, pelo “Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo 2021” do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Em 2021, eram 204.694 brasileiros morando em Portugal, sendo considerada a principal comunidade estrangeira residente no país luso, representando 29% dos cidadãos estrangeiros vivendo por lá, o maior número desde 2012.
Quanto ao percentual de brasileiros trabalhando e os principais setores de emprego, segundo o Alto-Comissariado, os dados indicam que os trabalhadores brasileiros se inserem sobretudo nos grupos profissionais dos serviços pessoais e vendedores (31%), trabalhadores não qualificados (25%) e trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices (15%).
ENTREVISTAS
Uma entrevista com as imigrantes brasileiras Cristina Carneiro e Joana Angélica sobre os desafios e vantagens de se morar em Portugal.
Discover Magazine: Por que você escolheu Portugal?
CCM: Pareceu sempre o país estrangeiro mais fácil de ir. Embora eu tenha conhecimento de outras línguas, não as domino como domino o português, e, pelas circunstâncias nas quais eu vim, não deu tempo de me aperfeiçoar em outras línguas para ir para outros países.
DM: O idioma é uma facilidade?
CCM: Sim, embora também haja algum conflito por causa da nossa forma de pronunciar e os portugueses às vezes resistem em aceitar como um sotaque estrangeiro qualquer.
DM: Já conhecia Portugal ou é a sua primeira vez no país?
CCM: Conheci Portugal em 2012, mas passei apenas 24 horas em Lisboa. Quando vim em 2018, para a minha primeira temporada em Portugal, foi quando passei a conhecer.
DM: Tem alguém conhecido morando em Portugal?
CCM: Sim, antes de vir tinha amigos não muito próximos.
DM: Alguém influenciou a sua decisão?
CCM: Não.
DM: O que acha de viver fora do Brasil?
CCM: Eu gosto. Gosto da experiência de deslocamento, gosto da ausência de pressão social para aderir a uma cultura específica, gosto do desprendimento.
JAC: Um grande aprendizado e desafio.
DM: Já sofreu algum preconceito por ser imigrante?
CCM: Sim, especialmente preconceitos velados, expressos como forma de impaciência.
JAC: Vários preconceitos.
DM: Qual a situação mais chata que enfrentou morando em Portugal? E a mais engraçada?
CCM: A mais chata foi quando uma mulher gritou para mim dizendo, no meio da estação de metrô, para eu voltar para o meu país. O motivo: eu pisei no pé dela dentro do ônibus sem querer. Não sei se a mais engraçada, mas a mais inusitada foi quando atendi o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, no caixa da livraria onde eu trabalho. Depois de pagar o livro, ele me apontou o dedo e afirmou-perguntando se eu era brasileira. Eu disse que sim. Ele, então, disse: “Vote bem!”. Eu disse que votaria no Lula. E ele disse: “Faltam 50 dias (para as eleições)”.
JAC: Chata: em uma mesa de um jantar, ser apontada como alguém ali que não sabe falar o idioma português.
Engraçada: foi pedir um “durex” na livraria da faculdade e ouvir do livreiro rir e dizer que ali não existia esse tipo de material e que eu deveria ir a uma farmácia. Somente depois entendi que o “durex” é na verdade preservativo sexual, o que eu deveria pedir era uma “fita cola”.
DM: Foi fácil conseguir documento ao chegar em Portugal?
CCM: Como vim com visto de estudante, foi sim.
JAC: Não foi fácil.
DM: Você trabalha ou estuda? Ou os dois?
CCM: Os dois. Faço doutoramento, trabalho part-time numa livraria e faço freelancer de tradução.
JAC: Praticamente só estudei. Os poucos trabalhos que fiz foram de forma pontual e informais.
DM: Tem amigos portugueses? Ou não?
CCM: Amigos não, apenas colegas de trabalho.
JAC: Sim, tenho amigos portugueses
DM: Os portugueses são fáceis de fazer amizade? Ou não? O que acha disso?
CCM: Não acho. Penso que amizade não é algo importante para os portugueses da minha geração, o que mais ouço é que eles não têm amigos. São muito reservados, e eu procuro respeitar o jeito deles.
JAC: Não são fáceis de fazer amizade e acho que eles são muito desconfiados com os brasileiros
DM: Do que mais sente saudade do Brasil?
CCM: De um Brasil que eu não estava mais conseguindo vivenciar quando decidi vir para cá.
JAC: Das relações de afetos que temos entre nós e que a cultura portuguesa não tem. A alegria própria do nosso povo.
DM: o que acha da cultura portuguesa?
CCM: Acho intrigante, já aprendi muito sobre os portugueses, mas ainda não sei definir muito bem. Ainda tenho muito o que conhecer.
JAC: Gosto do modo da relação de orgulho e cidadania que os portugueses têm com seu país.
DM: Da música?
CCM: Eu realmente sou uma profunda desconhecedora da música portuguesa. A música brasileira não me dá tempo para conhecer muitas outras músicas.
JAC: Acho a música muito pobre em relação a diversidade.
DM: Da comida?
CCM: Gosto da comida.
JAC: Muito boa gastronomia.
DM: Pertence a algum grupo social em Portugal? Ou grupo de rede sociais? de WhatsApp?
CCM: Não, não pertenço.
JAC: Sim, o grupo de moradores do meu bairro.
DM: Onde mora? Como mora em Portugal? Por que escolheu viver onde mora?
CCM: Moro em Lisboa, num apartamento dividido com outras brasileiras. Escolhi pela localização, que facilita a circulação rápida pela cidade.
JAC: Em Lisboa, em um apartamento, eu divido com estudantes, pois é a maneira mais fácil financeiramente para se manter.
DM: E o custo de vida em Portugal? O que acha?
CCM: Acho os aluguéis altíssimos. As outras coisas, dá para levar. No interior, não sei dizer.
JAC: Atualmente está muito alto, principalmente os custos de moradia.
DM: Já viajou para outros países da Europa?
CCM: Sim, já viajei por outros oito países da Europa, mas nenhum fui com o meu salário de trabalhadora de Portugal. Isso ainda não tive tempo nem condições de fazer.
JAC: Sim.
DM: E as universidades portuguesas? Por que resolveu estudar em Portugal? Não teria a mesma oportunidade no Brasil?
CCM: Vim por dois motivos: a seleção era mais fácil e mais rápida (quando vim a primeira vez foi uma decisão repentina) e eu queria ter uma experiência de viver no exterior. No Brasil eu certamente teria a mesma oportunidade, mas teria de me preparar muito mais para ser aprovada num mestrado, que foi o que me trouxe para cá pela primeira vez, em 2018.
JAC: São boas, mas têm um ensino muito vertical e autoritário. No Brasil o acesso à universidade pública no âmbito do mestrado e doutorado, tem se mostrado de difícil acesso.
DM: como os órgãos públicos, institucionais ou representativos do imigrante atuam em portugal? conhece algum? já precisou de auda deles?
CCM: Já usei vários, são burocráticos, mas tive sorte e tudo fluiu quando precisei, pelo menos até agora.
JAC: Sim conheci o Centro de Apoio à interação de Migrantes (CNAIM) e sim, já precisei de ajuda deles.
DM: Conhece a Casa Brasil em Lisboa? O que acha da sua atuação?
CCM: Conheço, mas não frequento nem participo das ações.
JAC: Conheço, acho que eles têm muito boa vontade, mas com significativos problemas de recursos financeiro, acabam por deixar muita coisa a desejar.
DM: Conhece as ondas imigratórias Brasil-Portugal? O que acha disso?
CCM: Conheço. Acho normal as pessoas quererem mudar de país, pelos mais diversos motivos. É tudo sempre legítimo. Porém, acho que muitos brasileiros vêm achando que vão encontrar aqui um pequeno Brasil ou querem viver aqui tal como vivem no Brasil. Assim, há muitos imigrantes brasileiros sofrendo com a inadaptação.
JAC: Não.
DM: Portugal é realmente uma nação-irmã?
CCM: É e não é. Acho que temos em comum o que forma as nações que é a língua. Mas somos muito diferentes, o que não impede de sermos países irmãos. Mas há mesmo uma desatualização da leitura dos portugueses para com o Brasil. Isso faz com que a relação seja um pouco azeda.
JAC: Não. Ela ainda olha para o Brasil como colônia.
DM: O que mais gosta de fazer em Lisboa?
CCM: Andar pela cidade, ir ao cinema, andar pela beira-rio, ir para restaurantes de diferentes nacionalidades, topar com pessoas de todas as nacionalidades e encontrar as amigas que fiz aqui e os amigos que visitam.
JAC: Andar na rua livremente e poder utilizar os espaços públicos tranquilamente.
DM: pretende voltar a viver no brasil?
CCM: Não tenho planos de ficar aqui para sempre, nem de voltar. Eu vou para onde a vida que eu quero me chamar.
JAC: Sim.
DM: O que sente ao ouvir ou receber uma mensagem do Brasil?
CCM: Depende de que tipo de mensagem; às vezes sinto desespero, às vezes sinto apreensão, muitas vezes sinto orgulho.
JAC: Não acho muito boa. Pode ter sido, mas por cerca de 8 anos vivendo em Lisboa, acho boa, mas não muito boa.
DM: O que acha da “fama” dos brasileiros em Portugal? E o preconceito com as brasileiras? Isso é realmente verdade?
CCM: Não sei exatamente de qual das “famas” está a falar. Acho que há preconceito, acho que os portugueses não querem se misturar para se protegerem. Acho que existe preconceito com relação às brasileiras sim.
JAC: Ficou muito marcado a fama de homens brasileiros serem malandros e desonestos e as brasileiras serem prostitutas ou atrás de um casamento. Isso se deu por uma leva de brasileiros que lá imigraram e deixaram essa marca. Isso faz com que muitos de nós sejamos rotulados. O que impacta é o barulho e não o silêncio. Os brasileiros e brasileiras, educados, não fazem barulho e por isso não são vistos. O que fica é a fama.
DM: COMO REAGE AO SER ABORDADA POR UM HOMEM PORTUGUÊS? ISSO TEM A VER OU NÃO?
CCM: Suponho que está falando de abordagem tipo flerte. Para mim, se é português eu opto por não me relacionar amorosamente. Eu me relaciono amigavelmente com os portugueses e as portuguesas, e são educados e gentis comigo. Mas, amorosamente, eu realmente opto por não me relacionar.
JAC: Depende da forma como abordam. Mas geralmente eu, especialmente fico mais reservada até identificar que tipo de perfil é esse e o que esperam de mim.
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