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Workcations: A tendência de viagem que mistura trabalho e diversão

Canadianos da Geração Z pensam em fazer uma workcation em 2022

Por André Luis |  22 de abril de 2022

Cada vez mais pessoas estão escolhendo vagas de trabalho espelhadas no formato «Workcation» – um conceito que não é totalmente novo no mundo empresarial do Canadá , e a colher os benefícios dessa opção.

As workcations, uma evolução do ‘bleisure’ (viagens que combinam viagens de negócios com viagens de lazer), combinam trabalho e férias – reservar uma cabana na montanha por uma semana enquanto trabalha remotamente a tempo inteiro, por exemplo – e tornaram-se populares no início da pandemia, já que durante os confinamentos impostos pelas autoridades governamentais muitos trabalhadores especializados fugiram de apartamentos mais pequenos.

                                                              Crédito:Olezzo – Istockphoto

Agora, no terceiro ano da pandemia, mesmo com a queda global dos casos de Covid, não há sinais de que as workcations estejam a diminuir, pois as empresas continuam a oferecer políticas de trabalho à distância (teletrabalho).

Mais de um quarto dos trabalhadores canadianos afirmam que querem fazer uma workcation este ano; já num estudo global de oito países, 65% dos 5500 entrevistados referem que pretendem estender uma viagem de trabalho para uma de lazer, ou vice-versa, em 2022.

As workcations podem parecer contraintuitivas – afinal, uma melhor consciencialização sobre os “estressores” de saúde mental relacionados ao trabalho deixou-nos mais conscientes do que nunca da importância de separar a nossa vida profissional da vida pessoal.

Contudo, especialistas argumentam que a adaptabilidade que desenvolvemos durante a pandemia posicionou-nos bem para desfrutar de uma pausa que combina o trabalho e o lazer. E dados os benefícios que os trabalhadores veem neles – como mais oportunidades para explorar novos lugares enquanto cumprem as obrigações diárias – é provável que as workcations se tornem uma prática permanente que dure para além da pandemia.

                                                          Crédito: AlexBrylov – Istockphoto

Pesquisas mostram o aumento de produtividade

Uma pesquisa com 1000 pessoas que fizeram uma workcation, divulgada no mês passado por uma empresa de serviços de viagens dos EUA, mais de quatro quintos deles sentiram que a viagem aumentou a sua produtividade e criatividade, ao mesmo tempo que os ajudou a lidar com o stress relacionado com o trabalho.

Por outro lado, mais de dois terços afirmaram que o objetivo passava por recarregar as suas baterias mentais e emocionais, enquanto que explorar novos lugares também teve alta pontuação como um fator motivador.

No entanto, isso não significa que as workcations devam substituir as férias. As pessoas precisam de tempo longe do trabalho; os locais de trabalho devem complementar o tempo de folga remunerado, em vez de servir como um substituto – caso contrário, o risco de stress relacionado ao trabalho e esgotamento pode aumentar.

Uma pesquisa da Expedia, divulgada em fevereiro, mostrou que, enquanto 78% dos americanos pretendem sentir-se “improdutivos” durante as férias, metade traz os seus computadores portáteis (laptops) e 41% fazem chamadas via Zoom.

Todavia, muitos não estão satisfeitos com isso: 61% dos entrevistados admitiram que não consideram as viagens que combinam trabalho e lazer como férias adequadas. Isso sugere que muitas pessoas ainda valorizam férias sem trabalho, mas lutam por consegui-las.

Por outro lado, as workcations também levantam questões de equidade, mesmo após o recuo da pandemia, pois nem todos podem trabalhar remotamente ou dar-se ao luxo de pagar uma semana em alojamentos alugados.

Gerir as expectativas

Dado o nível de interesse dos trabalhadores agora acostumados a permanecer produtivos em vários ambientes, as workcations parecem uma prática que veio para ficar.

A adaptação dos trabalhadores será do interesse das empresas; já está claro que a flexibilidade será a chave para a retenção de pessoas mais qualificadas, especialmente porque a nova geração de trabalhadores, em particular, valoriza a capacidade de trabalhar em qualquer lugar.

De acordo com uma sondagem recente da KAYAK, empresa norte-americana cujo principal produto é a metapesquisa de viagens, mais de um quarto (27%) dos canadianos empregados pensam fazer uma workcation (ou seja, trabalhar remotamente de um local diferente) em 2022. Essa tendência é ainda mais proeminente entre a Geração Z (de 18 a 24 anos), com 38% desse grupo a planear fazer uma workcation este ano.

Tirando partido disso, muitos dos trabalhadores de empresas que oferecem este tipo de programa, aproveitam para cuidar de idosos ou entes queridos com quem não moram, enquanto que outros visitam familiares que raramente veem ou optam por ir para uma área de trabalho mais pitoresca.

                                                                             Crédito: Gece33

Cada vez mais os trabalhadores procuram vantagens exclusivas que respeitem o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Em resposta, muitas empresas estão a oferecer bolsas de bem-estar, creches e assistência a idosos, horários flexíveis e mais dias de férias, como meio de atrair e reter o talento desses profissionais.

Mas há algumas dificuldades, como se pode deduzir por alguns relatos. Uma mulher na Índia, por exemplo, encontrava-se num fuso horário completamente diferente e sentia-se desconectada dos colegas, acabando por mudar o seu horário para poder participar nas reuniões da equipa.

Outros levantaram questões sobre as leis de privacidade e segurança a que podem estar sujeitos em outros lugares, e qual a cobertura de saúde que recebem no exterior. Nesse sentido, a empresa a que estão contratualmente vinculados estuda a situação antes de qualquer pessoa viajar, e limita o tempo de trabalho a três meses para minimizar os casos em que as pessoas não podem receber cobertura para doenças ou acidentes.

Turismo de Cascais lança campanha para atrair nómadas digitais

O Turismo de Cascais lançou esta terça-feira, dia 19 de abril, uma campanha direcionada aos nómadas digitais, segmento que tem vindo a crescer e a potenciar o mercado turístico na região. Através da campanha “It works for you”, Cascais convida todos os nómadas digitais a desfrutarem das condições do destino para trabalharem remotamente.

A nova campanha It Works for you”, promovida pela Associação de Turismo de Cascais, em parceria com a DNA Cascais, é sobre trabalho remoto, combinado com lazer e lifestyle. A campanha aborda o conceito de workation, que concilia “work” com “vacation”, ou seja, trabalho com férias. Assista o vídeo da campanha a seguir.

 

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André Luis

André é colaborador freelancer de serviços de mídia e conteúdo digital em língua portuguesa. Os textos publicados por Luis no Discover News são em português de Portugal, ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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