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Muitas Incertezas e Indefinições nas Eleições Presidenciáveis do Brasil

O Tabuleiro do Xadrez das Candidaturas

Por Caio Quinderé | 1 de março de 2022

Continuam bastante embaraçadas as peças no tabuleiro de xadrez das candidaturas para ocupar a cadeira de Presidente do Brasil em 2022. Nomes se colocam à disposição, ensaiam acordos e formam composições.

Nomes conhecidos são dados como quase certos na corrida presidencial. É o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já começou as viagens pelo Brasil e busca apoio na comunidade estrangeira.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) trabalha nos bastidores com articulações entre os seus apoiadores mais assíduos e a empatia de políticos da linha de frente do chamado Centrão.

Outra estratégia do candidato Bolsonaro é a sua aproximação com o grupo político de Garotinho na cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de fortalecer o território carioca dele.

A chapa de Bolsonaro segue indefinida, mas disputada. Segundo informou a Executiva Nacional do PL no estado do Ceará, o presidente tem interesse em trazer o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, para  ser vice na chapa.

No entanto, alguns aliados do presidente Bolsonaro defendem a escolha de um nome mais político e de alcance nacional para conseguir a simpatia do eleitorado do Norte e do Nordeste, onde o candidato Lula segue com vantagem nas pesquisas.

A Chamada Terceira Via

A chegada de Sérgio Moro (Podemos) ao jogo de xadrez de 2022 pode ser decisiva para sepultar outras candidaturas da chamada “terceira via”.

O ex-juiz Moro afima manter diálogo com outros pré-candidatos e não descarta propor uma aglutinação para convergir em um projeto único. Todavia esse jogo também está incerto.

O que se sabe por “rumores de bastidores” é que o partido e o candidato escolheram o publicitário argentino, Pablo Nobel, para comandar a equipe de comunicação do ex-juiz da Lava-Jato.

Nobel trabalhou para a campanha eleitoral de Bolsonaro de 2018, e também para campanhas de outros políticos: Aécio Neves (PSDB), Geraldo Alckmin (sem partido) e de Lula (PT) em anos anteriores.

Outros nomes, como o do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), rejeitam orbitar a candidatura do jurista e seguem firmes como candidato único de chapa.

Mas o governador Dória não consegue ainda somar 2% nas pesquisas de intenção de voto. Ele tenta somar pontos na corrida presidencial vestindo a suada camisa com o título: “pai da vacina.”

A mais recente surpresa do tabuleiro é André Janones (Avante). Ele surge como fenômeno da internet e já aparece com 2% nas pesquisas ao lado de Dória.

O pré-candidato do partido Avante atualmente possui o cargo de Deputado Federal e fez o lançamento para assumir a cadeira da presidência da República do Brasil em Recife, um dos redutos eleitorais do ex-presidente petista.

A Presença das Mulheres

No cerne das discussões sobre a vice-presidência, duas mulheres ocupam posições de destaque. De um lado, a empresária Luiza Trajano, dona da rede de lojas Magazine Luiza.

Trajano representa uma figura de sucesso empresarial e de protagonismo feminino, mas já fez declaração de que não tem interesse em ocupar nenhum cargo político.

Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) é figura oficial de seu partido. Inclusive a ex-senadora e ex-perfeita de São Paulo, Marta Suplicy, organizou um jantar no qual Tebet foi esteve presente como presidente da ala feminina do Senado. Desse encontro – exclusivo para mulheres, saiu uma lista de propostas que será apresentada e discutida com os possíveis candidatos e não se limitará a nomes do MDB.

Os Vices também Contam 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se aproximado do ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), que saiu do PSDB, e tentado trazê-lo para a vice de sua chapa em 2022.

Adversário histórico do Partido dos Trabalhadores, tendo inclusive disputado o segundo turno contra Lula em 2006, Alckmin também não descarta a possibilidade de compor a chapa do petista.

Anteriormente, o tucano ensaiava sair como candidato para o governo do Estado de São Paulo, mas Dória assumiu o protagonismo. Agora, Alckmin tem conversado com o petista para buscar “construir um acordo” para as eleições deste ano.

Em entrevista recente, Lula deu a entender que vê em Alckmin uma possibilidade do ex-tucano agregar votos do empresariado e capturar uma parcela do eleitor que tenha ressalva ao PT. “Tive uma extraordinária relação com o Alckmin no meu governo. Ele está definindo qual será seu partido político e nós estamos no processo de conversar”, disse o petista.

Um velho conhecido da política brasileira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), também se mostrou favorável a essa aproximação com o petista, mas já declarou em aberto todo o seu apoio ao candidato Dória.

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu vice, Hamilton Mourão, já demonstram não caminhar juntos há algum tempo, sendo que Bolsonaro chegou inclusive a excluir o vice de eventos oficiais.

Descartando a presença do general em sua chapa para tentar a reeleição e também Walter Braga Netto, atual ministro da Defesa, é provável que apareça o nome de um evangélico para ser o vice de Bolsonaro.

Trazer um religioso para a chada de Bolsonaro é uma possibilidade considerada nos bastidores do governo, dado a entender que a disputa promete ser acirrada e os aliados desejam ter uma representatividade para atrair votos para a chapa de extrema-direita.

A vaga de vice na chapa do ex-juiz Moro segue sem táticas públicas avançadas. Seu partido chegou a cortejar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como “vice ideal”, mas a possibilidade foi afastada pelo MDB. Moro tem sido questionado se ele mesmo não aceitaria ser vice em outra candidatura.

Enquanto Ciro Gomes (PDT) chegou a convidar, em 2020, Lula para ser vice na chapa. Isso, porém, foi antes de o político cearense anunciar sua ruptura definitiva com o PT e abrir uma ação de “guerrilha” ao PT e a Jair Bolsonaro.

Em outubro do ano passado, Ciro se encontrou com o apresentador José Luiz Datena para discutir alianças. O apresentador havia sinalizado que gostaria de concorrer à Presidência pelo PSL, mas que aceitaria ser vice do pedetista.

Mas Datena passou a estudar depois como migrar para o PSD a fim de tentar uma vaga no Senado. Ciro faz suas articulações nos bastidores e nas redes sociais informalmente.

Como podemos observar, nada parece estar definido. O jogo desse tabuleiro de xadrez encobre quem é bispo, rainha, cavalo e peão. Basta aguardar para saber quem dará o xeque-mate.

 

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Caio Quinderé

Caio é Dramaturgo, escritor e redator. Com mais de 20 anos de experiência em Comunicação, Educação e Artes. Caio já publicou peças de teatro, filmes para cinema e TV e publicou livros. Expertise na gestão de projetos culturais e sociais.

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