A Adaptação no novo país
ANO 1 | NÚMERO 1 | 2019
Bem-vindos ao primeiro número da nova seção “A Vida no Canadá”.
É com grande orgulho e entusiasmo que a equipe da revista DISCOVER apresenta esta nova seção dedicada à comunidade de lingua portuguesa no Canadá e aos interessados em imigrar para o país. Nosso foco será informar, conectar e inspirar.
Convidamos os leitores a participarem conosco dessa jornada compartilhando suas experiências de vida e dando sugestões e dicas sobre como se adaptar ao Canadá mais rapidamente.
Por Bruno Vompean| Foto: Por Alphaspirit / Shutterstock | Publicado 12/04/2018
Para nós que trocamos o nosso país de origem pelo Canadá, a imigração parece ser algo bastante comum. Afinal, imigrantes somam mais de 20% da população canadense, sendo que em Toronto o índice é ainda maior, ultrapassando os 50%. No entanto, a verdade é que a realidade canadense engana, pois, a imigração é uma experiência árdua e um fenômeno raro: apenas pouco mais de 3% da população mundial deixou sua terra natal para enfrentar uma vida estrangeira.
Transição
“Estrangeiro” provém do francês étranger, que também se refere ao diferente, ou estranho. Porém, somos ‘estranhos’ apenas na medida em que tudo ao nosso redor nos parece diferente. Se, por um lado, isso é inevitável na transição da imigração, por outro, é algo que se normaliza com o tempo. Infelizmente, não há saída: é preciso tempo.
No entanto, não basta que o tempo passe. Inclusive, muito se fala em determinados grupos de imigrantes que, por serem tão inúmeros, conseguem passar uma vida inteira no exterior sem nunca se adaptarem sequer ao idioma. Infelizmente, muitos passam a viver da sua nacionalidade, por assim dizer, fora do país de origem. Eu, particularmente, tendo passado metade da minha vida no exterior, não tenho dúvida de que o melhor lugar do mundo para se ser brasileiro (mas, brasileiro mesmo!) é o Brasil.
Adaptação
Não podemos negar a nossa nacionalidade – ela compõe grande parte de nossa identidade. Mas cada um sabe das circunstâncias que o levou à imigrar. É justamente pelo diferente que se escolhe deixar o familiar em busca da qualidade de vida, seja lá o que isso signifique para cada um. É preciso muito foco, coragem e determinação para alcançar essa meta. Experiências imigratórias de sucesso são baseadas justamente na vontade de aprender e se adaptar à nova cultura.
Oportunidade
Apesar de sentir na pele as dificuldades relacionadas à imigração diariamente, a percepção de que essa experiência é ‘normal’ atrapalha o desenvolvimento do imigrante. Afinal, é difícil, ou talvez até mesmo impossível, não se sentir sozinho, debilitado pela saudade, deprimido com as circunstâncias imediatas durante o árduo período de transição, e ao mesmo tempo não se sentir culpado por se sentir assim. Sentimos que devemos realmente fazer valer a oportunidade ao invés de lamentá-la, até porque “imigrar não é nada demais, todo mundo o faz – o que há de errado comigo?” De errado, aqui, só a percepção de que nada deveria estar errado.
Integração
Infelizmente, sem a aceitação das dificuldades que vêm com a imigração, a vontade de desapegar-se da vida que nos é familiar dá lugar a um desespero que nos leva justamente à direção contrária. Nos sentimos mais brasileiros, e nos identificamos com mais brasileiros, do que nunca, o que é triste considerando a força de vontade que foi necessária para chegarmos até aqui. Mas a boa notícia é que já chegamos até aqui. Assim, na próxima vez que você hesitar em fazer algo que não lhe é familiar, seja visitar um lugar, conversar com uma pessoa ou participar de alguma atividade “estrangeira”, lembre-se: você faz parte dos 3%.