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Cataratas do Iguaçu X Niágara Falls

Por Andressa Missio

Em comum, a força da água descendo por um despenhadeiro, provocando um ronco ensurdecedor, e ao mesmo tempo, inesquecível. O arco-íris se formando no nevoeiro, turistas com suas capas de chuva molhadas, e com uma sensação nítida de encantamento.

A descrição poderia ser de um dos pontos turísticos mais conhecidos do Brasil… ou de um dos locais mais incríveis do Canadá. Mas as Cataratas do Iguaçu e de Niágara também têm lá suas diferenças. O fato é: sorte de quem já teve a chance de visitar as duas!

Cataratas do Iguaçu

cataracts-2059109_1920 Foto: Divulgação

As escadarias ladeadas pela floresta, com um perfume de terra molhada, ficam ainda mais agradáveis com a trilha sonora natural. É bem de longe que se ouve o ruído das quedas. Basta descer do Transfer que faz o percurso Estacionamento do parque – Cataratas, para escutá-las.

São alguns metros de caminhada, com pouco concreto e muita natureza, e lá estão elas. O impacto da água levanta uma nuvem de vapor, mas não embaça o espetáculo. Com toda a sua força, as cataratas deságuam num Iguaçu apressado, que dia sim, outro também, recebe milhares de turistas, em barcos, à procura de aventura. É o Macuco-Safari, uma das atrações mais procuradas da Maravilha Mundial da Natureza.

Com 275 quedas d’água, em um raio de 2,7km, as Cataratas do Iguaçu não são privilégio do Brasil. Sua riqueza é compartilhada com los hermanos argentinos, e o cânion pode ser visto de ambos os países. Quem faz a fronteira é justamente a “Garganta do Diabo”, a maior das quedas, com 82m de altura, 150m de largura e 700m de comprimento. O ronco estrondoso é capaz de justificar o apelido.

A turista mexicana Berta Gonzalez levou dois dias para visitar o parque. O primeiro, pelo lado argentino. O segundo, pelo brasileiro. A distância entre a entrada dos dois parques é de apenas 20 minutos de automóvel. “Vale a pena fazer os dois passeios, porque cada um deles tem suas belezas. Pela Argentina, pude ver as quedas de cima. Pelo Brasil, vi de dentro d’água, onde senti a força das cataratas” contou. Ela disse ainda que saiu encharcada do barco, de uma água “que lavou minha alma”.

Berta é uma das 3 mil visitas diárias que o parque recebe. Uma média de 1 milhão e 600 mil turistas por ano. Todos, invariavelmente, chegam portando máquinas fotográficas ou smarphones, e uma capa de chuva. Um dos motivos que levam tantos visitantes ao Patrimônio Natural da Humanidade (Unesco, 1986) é o volume d’água: 1 milhão e 500 mil litros por segundo. O recorde foi registrado em 2014, quando a vazão atingiu os 46 milhões de litros por segundo! Foi tanta água que os principais mirantes e passarelas que dão acesso às quedas precisaram ser interditados, como medida de segurança.

casal

O casal do Espírito Santo Rafaella Senna e Victor Scalzer viajou mais de 2 mil km para conhecer as Cataratas. Valeu a pena: a publicitária e o policial rodoviário federal protagonizaram cenas dignas de cinema. “São imagens inesquecíveis, principalmente quando avistamos o lindo arco-íris, que deixou o cenário ainda mais esplêndido!” (ver foto)

O parque também já recebeu incontáveis visitas ilustres. A ex-primeira dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt, foi uma delas, e comparou as Cataratas do Iguaçu com Niágara Falls. Após o tour, ela concluiu: “Poor Niagara!”.

 

Niágara Falls

Niágara Falls_por Nilton Junior_UTILIZADA Foto: Nilton Junior

Nem só fama e beleza que as Cataratas de Iguaçu, na América do Sul, e as Cataratas de Niágara, na América do Norte, têm em comum. Assim como as quedas latinas, as norte-americanas também ficam na fronteira entre dois países, no território dos Grandes Lagos. Elas separam (ou seria unem?) o Estado norte-americano de Nova Iorque, da província canadense de Ontário. Em cada lado da fronteira, uma pequena cidade chamada Niágara Falls – isso mesmo, são duas cidades (uma americana, outra canadense) que compartilham o nome e a vocação turística. Como ficam frente a frente, os nativos gostam de dizer que elas são ligadas entre si pela ponte do Arco-íris (que realmente, sempre aparece por lá).

Talvez a maior diferença esteja no número e na largura das quedas. Enquanto Iguaçu tem 275 saltos, Niágara tem apenas três. Mas imensamente mais largos. A largura da maior das quedas – justamente a Canadense, que tem forma de ferradura – é de 792 metros, e seu volume passa dos dois milhões e duzentos mil litros por segundo.

Para visualizar a força da água, os turistas podem escolher entre os mirantes, as torres de observação, passeios de barco a vapor, helicóptero ou até se suspender em cabos – para os mais corajosos.

Outra grande peculiaridade de Niágara é a possibilidade (remota, é verdade…) de congelar. Registros históricos dão conta de que os congelamentos aconteceram até 1912, quando pelo menos 20 mil turistas puderam caminhar por uma ponte de gelo e até transformaram o local em tobogã! Mas em 4 de fevereiro daquele ano, a ponte de gelo se rompeu e três pessoas perderam a vida no acidente.
A única vez que o fluxo de água foi completamente interrompido por causa do gelo foi em 29 de março de 1848.

Niágara_por Giselle NorõesSe há alguma coisa que ambas dividem é a magia do som expelido pelas cataratas. Um ruído inconfundível, ouvido de muito longe. A possibilidade de sair encharcado da visita também é grande nos dois locais. Capas de chuva servem de proteção e de souvenir.

A jornalista brasileira (que vive no Canadá) Giselle Norões teve a chance de conhecer as duas. “Achei os dois locais muito bonitos, mas em Iguaçu a gente consegue sentir mais a energia das quedas, porque andamos até o meio de uma ponte por cima da água, podendo ver a correnteza passando por baixo. Niágara é linda, estive lá no verão, outono e inverno. No outono é lindo demais, porque têm muitos jardins e fica tudo muito colorido”, conta ela.

Cada uma, com sua riqueza, história e beleza. Mas nos dois casos, a natureza é que comanda o espetáculo. Pode haver a interferência do homem quando o assunto é estrutura para os turistas, conforto aos visitantes… mas é a água que desaba dos cânions que atrai a curiosidade do mundo inteiro. Prova de que a sensação de encantamento é dona de uma linguagem universal.

Andressa Missio

é jornalista no Brasil há 15 anos, e já trabalhou em rádio (CBN), jornal, e principalmente, em telejornalismo. Passou por redações da Globo, Globonews, Band e atualmente está na Record TV, onde é editora-chefe e apresentadora de um programa de entrevistas diário. A paranaense é especialista em Agronegócios, e é do Espírito Santo, que ela escreve para a Discover.

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Comentários sobre este post

  1. Parabéns, adorei teu texto!!!
    Conheço as duas e concordo contigo!

    Márcia Bresolin
  2. Linda matéria. Andressa mostrandosua compcompetência e profissionalismo em tudo que faz. Parabéns.

    vilmar Meurer
  3. Parabéns, Andressa! Ótimo texto. Aqui de Foz, pertinho das Cataratas de Iguaçu digo que ainda não havia lido nada nem parecido. Adorei. Simples e leve. Eu poderia, se vc me permitir,divulgar seu texto aqui na cidade?

    Vanessa Bordin
  4. Bela matéria!
    A narrativa corre solta porém com um toque de delicadeza recheada de boas informações, curiosidades e detalhes. Deixa o texto leve e gostoso de ler, o que, vindo da Andressa, só podia dar nisso.
    Parabéns e, SUCESSO SEMPRE!!!

    Sergio Cintra

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