Respeitar as diferenças faz diferença
DIVERSIDADE
Por Sandro Rego
O Canadá é um exemplo quando o assunto é respeito às diferenças. Sejam elas quais forem. Faz parte da cultura local e se espalha por toda sociedade. É fato que o forte e estruturado programa de imigração implementado pelo governo para povoar o país contribui para o aumento da diversidade. Para se ter uma ideia, o Canadá tem cerca de 10 milhões de metros quadrados (o Brasil cerca de 8,5 milhões) e apenas 35 milhões de habitantes (contra os 200 milhões de brasileiros). A população do Estado de São Paulo é maior que a canadense. Tá certo que boa parte do território é gelado e inóspito. Mas esse é tema para um próximo papo.
Show de Celine Dion, Mariah Carei, Madonna, Lady Gaga e Adele
O movimento migratório não reduziu o respeito às diferenças por aqui. Muito pelo contrário. Dia desses fui conhecer Ottawa, a capital do país; além de Montreal e Quebéc, na parte francesa do Canadá. A temperatura ainda está agradável e as noites frescas convidam para sair de casa. Andando pelas ruas da bela Quebéc City, deparo-me com uma multidão na D’Youville Square assistindo a um show. Como aqui a vida cultural é intensa, não estranhei o burburinho.
Chegando mais perto realizei que não se tratava de um show qualquer. Vi Celine Dion, Mariah Carey, Madonna, Lady Gaga e Adele! A multidão, com muitas crianças inclusive, vibrava com as apresentações das estrelas, todas interpretadas por famosas drag queens locais. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o fato desse show ser patrocinado por um banco, o segundo maior do país. Um banco patrocinando show de drag queens. A atitude e o respeito que as pessoas têm também reflete e influência no comportamento das empresas.
A instituição também patrocina as estações para locação de bicicletas em Toronto. E muitas dessas bikes são estampadas com as cores do arco-íris, símbolo universal da diversidade na luta pela equidade de direitos LGBT. O banco não realiza apenas apoios e patrocínios pontuais, de ocasião ou oportunistas, como somente na semana do orgulho LGBT, por exemplo. Faz parte da missão da organização. Inclusive, adotaram uma missão específica para a diversidade (que pode ser facilmente encontrada no site da empresa).
O banco quer nos próximos anos expandir as oportunidades de liderança para as mulheres e minorias; criar e promover a cultura da inclusão para pessoas com deficiência; reforço e a promoção de um ambiente inclusivo para lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros; criar e promover a cultura da inclusão para funcionários e clientes de origem aborígene; servir (com apoios e patrocínios) a diversidade nas comunidades onde está presente.
A isonomia – direitos iguais para todos sem qualquer distinção – está presente no dia-a-dia do canadense. Se as organizações não adotarem a prática da diversidade e da inclusão de forma legítima, está fadada ao descrédito, e a perda de negócios. O consumidor canadense, independente de idade, raça, credo, gênero e orientação sexual, está de olho se o discurso está alinhado com a prática. E as empresas daqui já entenderam que fantasia e a maquiagem ficam melhor no palco.